21.11.12

DESPEDIDA

Obrigada a vocês que acompanharam o desenrolar desta estória!

Convido todas a continuarem comigo, acompanhando as aventuras de Carolina e sua luta para ser respeitada numa sociedade machista, onde a mulher, mãe solteira, ainda é vista de maneira preconceituosa!!

Venha acompanhar a estória de lutas e vitórias dessa querida personagem!!!

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O DIÁRIO DE CAROLINA


CAP. 44 – O FUTURO A DEUS PERTENCE - FINAL


A cerimônia de quinze anos foi perfeita, do jeito que eu sempre quis. Dançar a valsa com meu pai, meu avô e meu namorado, simbolizavam para mim uma nova etapa de vida. Ver o sorriso radiante de minha mãe me enchia de contentamento, era um sopro novo que prenunciava vida nova.

A festa rolou com muita animação e jovens e adultos curtiram a pista de dança. Depois de dançar muito, sai com Tuy para um espaço que eu apelidei de namoródromo, que foi pensado justamente para os casais terem um cantinho mais tranqüilo para namorarem.

Sentamos no banquinho caprichosamente decorado em forma de coração. Meu namorado me enlaçou pela cintura:

- Feliz princesa ?

- Muito! Acho que mais feliz seria quase impossível! Tudo está em paz afinal!

- E vai ficar ainda melhor senhorita Andreia!

Olhei-o atentamente tentando descobrir o que ele tentava me dizer. Foi quando vi ele retirando um embrulhinho do bolso.

- Eu sei que deveria estar numa caixinha enfeitada, cheia de frescuras, mas começou a incomodar no bolso e pedi para a minha mãe embrulhar, e ela quase me matou quando pedi isso!

Desembrulhei o pequeno pacote e o anel que surgiu diante de meus olhos, quase me fez chorar de emoção. Era uma aliança de prata com duas voltas de ouro e pedrinhas de cristal.

Tuy segurou minha mão:

- Parabéns princesa, minha linda, minha bela, minha namorada!

Sem querer esperar mais, puxei-o para perto de mim, tentando alcançar a sua boca, quando fomos interrompidos:

- Ei, ei, ei!!! Larga!!! Que é isso!!!!

Olhei frustrada para a direção de onde vinha a  voz de Lucas, que chegava acompanhado de Vivian.
Minha amiga chegou com as faces afogueadas, certamente pelo calor da dança, afinal, era visível o suor em seu rosto. Trazia em uma de suas mãos, algo bem diferente que não fazia parte de seu figurino horas antes.

Ela fazia tantos movimentos nas mãos, que Tuy gracejou:

- Nossa cunhadinha, que discreta essa mistura de pulseira com anel que você está tentando desesperadamente nos mostrar!

- Morra de inveja cunhadinho!!! Lucas e eu optamos por pulseiras de compromisso, mas ele fazia questão que eu usasse um anel também, então me deu uma pulseira árabe. Não é linda ??

Realmente, a pulseira era linda. Toda em pérolas, bem ao estilo de Vivian. 

Sempre pensando malícia, Vivian saiu com mais de uma de suas eternas gracinhas:

- Amorzinho, vamos procurar outro lugar porque tenho a estranha sensação de que estamos sobrando!

Lucas, já meio solto pela Ice que andara bebendo, concordou incontinenti e se retiraram.

Tuy voltou a me enlaçar novamente:

- Onde foi que paramos mesmo ?
Sorri e trouxe-o para perto de mim e nossos lábios se encontraram num beijo gostoso e profundo, que encerrava tudo o que havia de mais precioso em nós.

 Naquele momento, eu só queria pensar em nós, naquele exato momento. O futuro ainda era algo impreciso, que só a Deus pertencia.


16.11.12

CAP. 43 - MEUS 15 ANOS... (DEIA)



Chegou o grande momento. O salão cheio de colegas da escola, familiares todos juntos depois de anos de vida solitária, era muito gratificante ao meu coração.

O meu vestido sintetizava a realização do sonho de ser princesa aos quinze anos. Em meu pescoço e orelhas brilhava o conjunto de pérolas que ganhei de meu pai.

A música começou a tocar e foi anunciado que a cerimônia iria começar.

Entrei no salão acompanhada de minha mãe e Vivian entrou com Isabela.

Sentamos nas cadeiras destinadas a nós.

O cerimonial fez o discurso de passagem da infância para adolescência e anunciou a troca da sapatilha pelo sapato de salto.

Tuy adentrou o salão vestido como um príncipe, o meu príncipe querido. Ajoelhou-se diante de mim, fazendo a troca do sapato e eu precisei segurar o riso naquele momento, pois sabia o quanto lhe custara estar ali, vestido em trajes sociais que ele detesta. Mas ali estava diante de mim, o meu menino, o rapaz que mais do que nunca, eu queria e torcia para que fosse eterno em minha vida.

15 ANOS (VIVIAN)


Meus 15 anos... como definir este momento, este dia ? Só posso sentir! Sinto minhas mãos trêmulas, a garganta seca e uma vontade infinita de chorar por tudo... pela realização de um sonho, pela vitória de ter vivido até aqui, por ter continuado a acreditar que sonhos eram possíveis.

Meu coração batia forte quando minha mãe tomou minha mão para entrarmos no salão. Não sei quem ficou mais nervosa, se eu ou minha “velhinha”.

Chegar até o local destinado a mim e a Deia foi como um sonho, tudo tão lindo, tão perfeito, que eu queria que aquele momento se eternizasse.

Quando vi Lucas entrando no salão, me emocionei, era tudo tão perfeito, enfim. O meu garoto fazendo a troca do meu sapato e me dizendo baixinho que tinha uma surpresa para mim depois da valsa. 

30.10.12

CAP. 42 – O BAILE – (DEIA)


Salão iluminado, mesas decoradas em branco e rosa de um lado, e lilás e branco do outro, conforme escolha minha e de Vivian.

Na porta de entrada, recepcionamos os convidados e eu podia sentir no rosto toda a emoção do momento, era um calor que ninguém poderia explicar, nem mesmo eu, pois somente conseguia senti-lo.

As faces afogueadas denunciavam minha ansiedade e Vivian ria de mim:

- Será que você consegue ser menos ansiosa ? Do jeito que está, fará sua maquiagem derreter em pouco tempo!

Olhei minha amiga e não contive a pergunta:

- Será que você consegue ser um pouco mais fria ?

- Eu não sou fria! No máximo, prática!

A moça do cerimonial interrompeu nossa conversa:

- Meninas, lamento interrompê-las, mas é hora de trocarem os vestidos para a cerimônia do sapatinho!

Nos dirigimos para um quarto onde nossas mães nos aguardavam para a troca de vestidos.

Enquanto isso... (Tuy)

Por que Lucas e eu concordamos em nos vestir de príncipes para a festa da Andreia e da Vivian ? Agora eu me via em apuros, entrando num traje quente, que me fazia sentir mais um bobo da corte do que um príncipe.

No último momento tentei sair fora da situação, mas Andreia teve argumentos suficientemente  fortes:

- Amor, se você não quiser ir, não tem problema! Eu vou chamar o Evandro! A prima dele conversou com ele, que aceitou numa boa fazer parte da cerimônia!

Se raiva for como corrente elétrica, certamente ela passou pelo meu corpo inteiro. Evandro... sempre tentando atravessar o meu caminho de forma sutil. Sem pestanejar, aceitei o desafio:

- Seu namorado sou eu e quem vai ser seu príncipe nessa festa sou eu e não vamos mais discutir sobre isso!

Minha linda gargalhou com a minha explícita demonstração de ciúmes. Não tinha outro jeito, resignei-me ao inevitável e tratei de me vestir, sendo apressado pelo meu irmão que já estava pronto.

24.10.12

CAP. 41 – 15 ANOS – RELATOS DE CRISTINA


Dois meses para preparar uma festa de quinze anos quase enlouqueceram minha cabeça e a de Isabela.

Deia e Vivian viviam cada dia como se fosse o último, corriam lojas vendo vestidos, sapatos, escolhendo detalhes da festa e cabia a mim e Isabela aguentarmos a correria insana das duas.

Um salão próximo ao centro da cidade foi escolhido para a realização da festa das meninas e Lucas e Arthur sofriam enfrentando uma verdadeira maratona de prova de trajes de príncipe, o que gerou muita gozação dos amigos.

Apesar de todo cansaço, a festa foi preparada como as meninas sonhavam. Na entrada do salão, o hall de entrada estava todo decorado com balões rosa e branco com retratos grandes das meninas, com espaço para os convidados escreverem homenagens.

 As meninas recepcionavam os convidados usando vestidos  curtos muito elegantes. Andreia usava um vestido branco com pedras bordadas e uma faixa lilás abaixo do busto, nos pés, um sapatinho branco delicado , o cabelo estava da forma que eu gostaria, foi a única coisa que consegui fazê-la me atender, ela usava um modelo princesinha moderna, cabelos parcialmente presos com a franja escovada solta e o restante do cabelo solto em cachos maravilhosos. A parte dos cabelos que ficou preso, estava enfeitado com pequenas pérolas que deram um toque todo especial como eu desejava.

Para completar o visual da minha princesa, ela usava um conjunto  de colar e brincos de strass bem delicado com gotas do seu perfume preferido.

 15 ANOS – RELATOS DE ISABELA



Participar da preparação da festa de quinze anos da minha filha foi um presente para mim. Criar uma filha sozinha não foi fácil. Vivian quase me enlouqueceu com os preparativos do aniversário. Minha menina queria que tudo saísse perfeito e não poupou nem o namorado na escolha de cada item.

 Quando a vi pronta para o primeiro momento da festa, precisei me controlar para chorar e borrar a maquiagem, fato que deixaria Vivian zangada comigo. No hall de entrada, tinham colocado um retrato grande da minha filha junto com o de Andreia. Tudo aquilo parecia um sonho, os balões decorando o hall de entrada, os quadros com as fotografias, os convidados escrevendo mensagens, tudo parecia um sonho e eu não queria acordar dele.

 Vivian estava radiante num vestido  azul, com sandálias de salto bem alto como ela tanto gosta. Os cabelos, como não poderia ser diferente, estavam presos  de forma moderna, com uma rosa com detalhes em strass e um conjunto de gargantilha e brincos também em strass, definitivamente, minha menina estava linda.

 

20.10.12

CAP. 40 – UMA SURPRESA EM DOSE DUPLA – (Deia)


Olhava Tuy e meu pai sem entender o que eles estavam planejando, mas a ansiedade já se fazia notar no meu estômago, cuja sensação era estar cheio de cubos de gelo.
Senti a mão de Tuy apertando a minha e me virei para vê-lo melhor. Meu lindo apenas sussurou em meu ouvido:
- Está nervosa por quê ?
- Você ainda pergunta ?
Meu pai tomou a palavra:
- Andreia, em poucos meses você e Vivian farão quinze anos, certo ?
Não entendi a pergunta, mas mesmo assim, respondi:
- Sim, é verdade!
Ia continuar a responder, mas fui interrompida por meu pai:
- E o sonho da Vivian é ter uma festa de debutantes, assim como a Andreia, estou certo ?
Já estava ficando inquieta. Aonde meu agora pai, queria chegar ? 
Isabela, mãe de Vivian tomou a palavra:
- A Vivian sempre quis uma festa de quinze anos, mas eu não tenho condições de fazer isso no momento! Não faz muito tempo que me separei e estou recomeçando a vida!
Olhei para minha amiga e vi que seus olhos brilhavam denunciando que lágrimas estavam prestes a cair.
A mãe de Tuy se impacientou:
- Querido, será que você pode contar logo ? Até eu já estou morrendo de ansiedade!
Rindo, meu pai então contou a novidade:
- Conversei com minha esposa e decidimos dar um presente para a Deia e para a Vivian! Espero que Isabela consinta no que vamos propor!
- Conta logo pai! – Tuy e Lucas disseram juntos.
- ok, ok!!! Calma!! Eu conto!!!  Andreia e Vivian, a partir de amanhã, vocês deverão tirar um tempo para irem às lojas escolher os vestidos que usarão na festa de vocês e suas mães deverão ir junto para escolherem os detalhes, enfim, cuidar dos preparativos da festa!
Minha mãe e dona Isabela quase engasgaram com a água que estavam tomando. Foi minha mãe quem se recuperou do susto primeiro:
- Daniel, você vai presentear a Andreia e a Vivian com a festa de debutante ?
- A festa com tudo que elas tem direito! Vestidos, sapatos, roupas, cerimonial... enfim... tudo que uma festa de quinze anos precisa ter para ser linda!

Dona Janete imterrompeu meu pai:

- Só tem um porém... será que o Arthur e o Lucas vão se vestir de príncipes no momento da cerimônia de debutantes ?

Vivian e eu nos olhamos e respondemos quase juntas:

- Eles vão sim!! Querendo ou não, gostando ou não!

Tuy e Lucas se olharam com cara de sofrimento,  mas concordaram ao ouvir os argumentos de Vivian:

- Se eles não quiserem, a gente pode chamar algum amigo! O que você acha Deia ?

- Concordo plenamente!

Lucas abraçou a namorada:

- De jeito nenhum! Você é a minha namorada! Quem vai pagar esse mico de se vestir de príncipe se for o caso, serei eu!

Dona Isabela pediu licença para falar:

- Daniel, eu agradeço o presente que está dando para a Vivian, normalmente eu recusaria isso, mas é o sonho da minha filha e não posso tirar isso dela! Então só posso agradecer, ela é tudo para mim!

Algumas lágrimas desceram pelo seu rosto no que foi acompanhada por minha mãe que acabou chorando junto.

Diário da Deia e da Vivi => Sonhos Juvenis


16.10.12

CAP. 39 – SURPRESAS


O táxi estacionou diante de um restaurante. Desci do carro e dei a volta para abrir a porta, convidando as meninas para descerem. No interior do estabelecimento, meu irmão Lucas nos aguardava impaciente. Ao nos ver chegar, levantou-se e veio rapidamente ao nosso encontro, levantando Vivi num abraço exageradamente apertado.

Sentamo-nos à mesa e chamei o garçom:

- Garçom, por favor, queremos uma coca-cola litro!

Vivi e Deia se olharam e minha linda pediu:

- Meu lindo! Sem querer ser chata, mas já sendo, será que não podemos almoçar ? Comemos pouco antes de pegar estrada  e estamos realmente com fome!

Lucas comentou tirando sarro:

- E aí!! Cadê a menina que vive de dieta ??????

Vivi saiu em defesa da amiga:

- Nem vem gatinho!! Realmente comemos pouco antes de pegar estrada e realmente estamos com fome! Então, se pudermos almoçar logo, agradecemos!

- Gatinha, você está sempre com fome!!

Vivi fingiu que ia bater em meu irmão enquanto ríamos dos dois. Fomos surpreendidos pela chegada de meus pais, dona Cris, dona Geni e dona Isabela que chegavam sorridentes.

Meu irmão e eu, seguindo nossas rígidas regras de educação, nos levantamos enquanto todos se sentavam.  Conversamos algumas trivialidaes quando o garçom se aproximou novamente:

- Senhor, posso servir o almoço ?

Meu pai  tomou o domínio da situação:

- Sim, já pode trazer! Garanto que essa garotada já estava impaciente para almoçar!

Lucas deu risada e respondeu:

- Dúvidas ??????? Vivian que o diga, né gatinha ????

Acabou recebendo uma cotovelada da namorada que ficou vermelha, provocando o riso de todos.
O garçom se aproximou trazendo a comida que prometia estar deliciosa pelo cheiro bastante atraente aos nossos sentidos.

O almoço transcorreu em silêncio até que meu pai me perguntou:

- Tuy você já contou o motivo deste almoço ?

- Não! O senhor pediu surpresa!

14.10.12

CAP. 38 – LAR, DOCE LAR...


Voltar para casa teve um sabor todo diferente desta vez. Retornar de coração e alma lavados, o passado realmente passado a limpo, rancores se desfazendo, feridas cicatrizando. Quando encostamos em frente de casa, fui recebida pelo abraço apertado do meu amor. Era como se tivéssemos ficado uma eternidade sem nos ver.

Minha mãe nos interrompeu dando risada:

- Larga!!! Foram apenas alguns dias longe!!! Terão tempo suficiente para matarem a saudade!!!

Tuy olhou sem jeito para minha mãe:

- Desculpe dona Cris! Mas a Deia é muito especial em minha vida!!!

Vivi se intrometeu no meio da conversa:

- Cruzes!! Estou pisando em uma poça de açúcar e mel!!

E virando-se para Tuy:

- Cadê o Lucas ?

Fazendo-se de enigmático, meu lindo respondeu:

- Então cunhadinha...  ele está nos esperando lá em casa porque aquele doido comprou algo que simplesmente é impossível carregar sozinho!

- Como assim ? Não entendi nada!!

Rindo, ele continuou:

- Não é para entender! Vamos logo!

Sem me conter, precisei perguntar:

- O que vocês estão tramando ?

Enigmático, meu lindo apenas respondeu:

- Espere e verá!

Diário da Deia e da Vivi => Sonhos Juvenis

26.6.12

CAP. 37 – AMOR X RANCOR


Entramos na casa de Dora, minha avó biológica, a casa que tantas vezes minha mãe descreveu com profunda tristeza. 

A sala grande e espaçosa, com sofás antigostinha janelas com vidraças coloridas, me dava uma ideia de ter voltado para algum lugar do passado.

televisão era tão antiga que eu poderia bem pensar que havia saído de algum museu da imagem e do som. Na mesinha de centro da sala, minha avó devia colecionar cisnes de todas as cores.

Tentei me acomodar com Vivian em um sofá de dois lugares enquanto vó Geni com meus avós biológicos se sentaram no sofá com três lugares e minha mãe se acomodou numa poltrona  que devia ser a peça mais moderna daquela sala.

 Meu avô iniciou a conversa:

- Cristina, há muito que desejo lhe pedir perdão pelo que fiz a você, pensando somente no meu orgulho e na honra de família, privei você de um futuro, privei minha neta de ter uma família... e ainda proibi sua mãe de visitá-la temendo os comentários que pudessem cair sobre nós! Mas com o passar dos anos, senti um remorso tão grande por não saber notícias suas, que acabei desenvolvendo um câncer... penso que deve ser Deus me castigando por ter abandonado você à própria sorte!

Minha mãe ouvia tudo em silêncio enquanto eu temia pela reação que tais palavras poderiam provocar. Vivian segurava minhas mãos com força, eu só não sabia se era para me dar forças ou para ocultar o seu nervosismo diante de uma cena daquelas.

Minha avó biológica deu continuidade à fala de meu avô:

- Sempre me torturei pensando em que parte do mundo vocês poderiam estar! Até que me veio a ideia de procurar por Izabel, que é prima de Geni, para tentar saber onde vocês estariam morando! Izabel não me forneceu o endereço, mas me prometeu telefonar para Geni, e, se ela concordasse, forneceria o contato! Eu não tive outra saída, senão aceitar, afinal, não estava em condições de exigir nada de ninguém!

Eu sentia que as lágrimas estavam prestes a cair em meu rosto, mas eu não queria demonstrar todo o sofrimento que eles me causaram durante todos esses anos. Minha mãe, ao contrário, discretamente já enxugava as lágrimas que rolavam silenciosamente pelo seu rosto.

Vó Geni respirou fundo e deu continuidade á narrativa de vó Dora:

- Izabel me ligou quando eu estava na casa de vocês e eu achei que já era chegada a hora de vocês se reencontrarem! Já é tempo de todas as mágoas se acabarem!

- Por isso, sugeri essa viagem! Para que vocês pudessem conversar e reciclar todo esse passado de mágoas e ressentimentos! Mas preciso dizer Dora, que felizmente, apesar de não ter posses como vocês, fiz o possível para Cristina estudar! Ela se graduou em Pedagogia e desde que Andreia nasceu, fazemos uma poupança para a sua faculdade e para a sua festa de quinze anos!

Meu avô abaixou a cabeça chorando baixinho. Vivian olhou-me como a me dizer algo, e, entendendo seu recado, levantei-me e fui em direção ao meu avô. Ajoelhei-me diante dele e toquei suas faces, molhadas pelas lágrimas.

- Vô, esqueça o que passou!! Eu sofri muito por tudo que vocês fizeram, mas está na hora de termos um pouco de paz!

Fui interrompida por minha mãe:

- Pai, não sei se poderei perdoar de pronto, mas pela Deia, pela sua neta, eu vou me esforçar um pouco a cada dia! Não consigo passar uma borracha em tudo que eu sofri! Mas farei esse esforço, um pouco a cada dia pela sua neta!

Meu avô abraçou-nos de uma só vez, pedindo perdão repetidas vezes, mas eu não conseguia chorar... não havia lugar para lágrimas.... perdoar de coração era algo que também eu ainda não era capaz de conseguir de imediato, mas dar uma oportunidade de meus avós se aproximarem não era tão difícil.






 

 

13.6.12

CAP. 36 - REENCONTRO


Olhei aquele casal que até agora eram tão estranhos e ao mesmo tempo tão íntimos para mim. Minha mãe não teve iniciativa e permaneceu parada no portão, ao passo que eu também não conseguia articular palavra e limitei-me a abraçar-me a ela.

Vivi, sem saber o que fazer, segurou no braço de vó Geni sem saber o que fazer diante de uma situação que nem ela, com tanta descontração, era capaz de dominar.

Vó Geni foi quem quebrou o gelo e tomou a iniciativa:

- Como vai Dora ? Como vai Renato ?

Minha verdadeira avó estava trêmula e aproximou-se de nós:

- Geni... você as trouxe mesmo ?? Essa moça é realmente minha neta ?

Aproximando-se de mim, minha avó biológica tocou em meu rosto e em meu cabelo.

- Meu Deus!!! Quando te vi, você era uma bebê tão pequenina!!! Era um anjinho!!!

Sem conseguir se conter mais, ela me abraçou e permitiu que o pranto rolasse em suas faces. Eu sempre imaginei que no dia em que isso viesse a acontecer, eu me desmancharia em lágrimas, mas a realidade, ali, bem diante de mim, estava sendo bem diferente... eu não conseguia me emocionar... estranhamente, aquela mulher não tinha nenhum valor sentimental.

Meu avô se aproximou de minha mãe, apoiando-se numa bengala:

- Cristina... filha...

Mamãe permaneceu parada, parecendo petrificada. Achei que também ela se derramaria em lágrimas, mas vendo seu comportamento, não consegui prever que tipo de sentimentos e reações poderiam se desencadear.

Meu avô biológico abraçou-a mas minha mãe foi fria, indiferente.

Mais uma vez foi vó Geni que veio em nosso socorro.

- Dora querida, estamos cansadas! Podemos entrar ? Lá dentro conversaremos melhor!