27.11.09

CAP. 1 - MUDANÇAS

Hoje me despeço da pequena A***. Aqui, apesar de tudo, fui muito feliz, mas não posso mais conviver com a tristeza de minha mãe que é apesar de tudo, sempre será olhada como mãe solteira perigosa para as "ilustres famílias sem pecado" deste lugar!

Quero que ela encontre um cara legal que goste dela e que me aceite também, pois apesar de nunca ter dito nada a ela, sei que muitos caras fogem dela porque tem medo de que eu peça a eles que me sustentem, como se eu fosse precisar... hunf! Bom... vida nova aqui vamos nós e que Deus nos ajude!!!

Fechei o meu caderno de observações e fui atender o chamado insistente de minha mãe que já estava impaciente, pois o caminhão com a mudança já estava saindo e minha mãe queria pegar estrada logo, pois precisariamos chegar em Campo Grande e ainda encontrar hotel para ficar, pois seria dificil dormir em nosso apartamento com tanta bagunça!

Entrei no carro e pedi a Deus que nos abençoasse em nossa nova vida, pois era assim que eu imaginava essa mudança, como algo novo, diferente e por que não... promissor ? Dizem que a esperança é a última que morre.

A viagem foi cansativa, a impressão que eu tinha era que não iríamos chegar nunca, mas enfim, vislumbrei alguns prédios que davam indícios de que já estávamos no santo solo de nossa nova vida!!! E eu torcia, queria, desejava mais do que qualquer coisa na vida, ser somente a Déia, uma garota legal, que tem uma mãe moderna e não a mãe solteira silenciosamente chamada de perdida pela hipócrita sociedade provinciana que havíamos deixado para trás.

Minha mãe, Cristina, conhecida pelos poucos amigos íntimos como Cris, me olhou com os olhos brilhantes e me mostrou um lugar dizendo:

- Aqui minha filha, é onde você deverá estudar um dia, com a graça de Deus!! A universidade federal!!! Você vai mostrar ao mundo que já é uma grande vencedora!!

Assenti com a cabeça e apertei sua mão em resposta. Preferia não comentar muito sobre o futuro, que se apresentava tão incerto para mim. Na verdade, o que eu queria mesmo, era descobrir a minha história, saber de onde eu tinha vindo, quem era meu pai e se eu tinha uma família grande.

Cresci convivendo apenas com a família de minha mãe, cercada de todo carinho mas sentindo o vazio do aconchego paterno e agora eu iria correr atrás desse sonho, independente do que poderia encontrar lá na frente.



Um comentário:

eliane disse...

Já tô na área!rs